sexta-feira, 15 de maio de 2009
A Palavra
Vou explicar. A vantagem de sermos só palavra. Se formos só palavra, tudo depende das palavras que usamos, escrevemos ou dizemos. Sabemos escrever ou não. Temos a palavra certa para o momento ou não. Escolhemos usar a palavra ou não. Depois passamos da palavra para o resto. Para a desvantagem. Porque a partir desse momento, é o ponto de não retorno. Dão-se os encontros. Os olhos encontram-se, interpretam-se e não se lêem. As mãos tocam-se, sentem-se e largam-se. Assim, sem avisar. Os cheiros cruzam-se, misturam-se e não se saboreiam. Os corpos vêem-se, apreciam-se e afastam-se. Aqui a palavra já nao vale. Não interessa. Não importa. Passa de principal e secundária. De essencial a acessória. De importante a insignificante. De música suave a nota mal tocada. De luz intensa a escuridão total. Porque enquanto somos só palavra, temos alma, temos coração, somos. Depois disso, somos apenas a forma do corpo, a cor dos olhos, o perfume que usamos, a roupa que vestimos, o carro que conduzimos, a casa que temos, o bar a que vamos, o restaurante onde comemos, a gente que conhecemos. Somos nada. Porque nesse ponto de não retorno, já não ouvimos. A palavra. É pena. Mas é o que somos. Nada mais.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Esqueces-te o ouvido para ouvir os animadores da Cidadefm:-):-):-)
não concordo. Somos tudo junto, e umas vezes a coisa toda junta corre bem, outras não...that's life
beijos
Ai Luis, Luis...
kisses
Não se trata de passar da palavra ou não. Trata-se, a maior parte da vezes de saber passar daí. E muitas vezes saber também entender o que corre mal. Para desculpar, entender, e tentar de novo. Que tal?
beijos
Enviar um comentário