quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Outro sonho

Outro sonho. Este sem bacalhaus, lulas ou torneiras. Sonhei contigo. Sonho muito. Dizem que faz bem. Sonhar contigo, claro. Mas desta vez um sonho bem diferente. Nos sonhos normais, recebo um telefonema teu dizendo o que eu nunca ouvi. Depois recebo um beijo teu, como nunca saboreei, e dás-me a mão, que eu nunca toquei. Termina sempre com um beijo demorado. Este é o sonho normal. Dia sim, dia não, pronto. No dia não volta o bacalhau, claro. Voltando a este. Sonhei que me admiravas. Que me respeitavas. Que até tinhas algum carinho (esta parte inventei durante o próprio sonho). Sonhei ainda que estávamos “sintonizados”. Objectivos de vida semelhantes, vontades convergente, sonhos idênticos. Consegui mesmo sonhar que ficávamos bem um ao lado do outro. Eu ficava de frente claro, porque de perfil, digamos que não fico bem com ninguém mesmo. Mas, ainda assim, tinhas a benevolência de não reparar. O que te ficava bem claro. Sonhei ainda que me querias o mesmo bem que te quero a ti. Apenas o demonstravas de forma diferente. Muito particular, vá lá. Mas a vida é feita de particularidades, certo? O sonho continuava e volto a inventar um pouco no próprio sonho. Até consegui sonhar que, tal como eu, acreditavas que o destino nos estava destinado. Regressado ao sonho real, observo que os teus olhos não me mentem (fixar esta frase por favor). Até no sonho sou um convencido. Tenho esta mania do dom. O dom de ler os olhos. No sonho também. E via, ali no sonho, que os teus olhos me davam alguma luz, que está em falta há algum tempo. E que, só por isso, teria valido a pena. O sonho, claro. Depois acordei. Beijava a almofada. Acontece-me muito. Gosto muito dela. Habituámo-nos muito um ao outro nos ultimos anos. É fofinha e está sempre ali, á minha espera. Ás vezes esconde-se. Mas acaba por voltar. Bom, depois de beijar a almofada, fui tomar um banho (dia de banho, portanto), fazer barba (ou é desfazer?), vestir, comer, beijinho á mamã (sim passo sempre pela mamã para dar o beijinho), e rua. Trabalho, reunião numa marca de brinquedos onde presto mais atenção aos que os meus queridos sobrinhos gostariam, do que ao que me dizem. De seguida, reunião na Ajuda com um génio do som, almoço com alguém que me relata o blind date da noite anterior, regresso ao escritorio. Telefonemas, telefonemas, telefonemas. Observo-te no ecrã. A maior parte do tempo, estás ali quando eu não estou. E desapareces quando chego. Bad timing o meu. Mais telefonemas, entre eles um gajo que conheço há anos que exclama “mas que é esta merda pá?”. E estávamos a falar de trabalho. Que espero fazer, apesar da beleza da expressão. Tu sais do ecrã, e deixas um beijinho (adivinhaste?). Já não venho a tempo, estava ao telefone com a culpada da expressão acima. Telefonema do mano. Quer saber como vai tudo. Quer sempre saber o mano. Apesar do pouco tempo que o dia lhe dá. Tem sempre este tempo. Respondo a 10 emails (que me dizem quase sempre o mesmo, todos os dias), fumo cigarros atrás de cigarros (a esta hora já posso). Mais uns telefonemas. Amanhã vou contá-los, devem ser uns 30 ou 40 por dia. Que tempo se perde. Leio o blogue. Mando um beijinho para a Cats, de quem tenho saudades. Mais uns textos e hora de ir. Jantar tardio na companhia do Pai. E novo telefonema com a cunhadinha ou mano. Todos os dias. Tão bom ouvir os meninos em fundo. Caminha, leitura, almofada e sonho. Logo se verá qual. Hoje é dia do bacalhau.

20 comentários:

joana disse...

E hoje vou sonhar que sou uma almofada:-)
beijo amigo delicioso!

sofia disse...

Dizia a Renata há dias que alguém não passa por aqui, que não lê este blogue. Acho uma pena. Ainda que sejam almas e corações distantes, não merece ela sabê-lo? Não merece ler estas doces palavras? Esta entrega? Esta ternura? E desculpa a pergunta Luis, já te olhou nos olhos? Já sentiu o teu coração ao sabor de uma bebida fresca a olhar o Tejo? Já ouviu da tua boca estas palavras que correm por aqui? Já percebeu essa entrega, essa paixão, esse sabor? Se sim, repito o que já disse antes, que feliz deve sentir-se. Se não. É uma pena.
Um beijo

E não és um gajo complexo. Vou citar o que és (mais uma vez): "pure heart & Soul".

Formiga disse...

Os sonhos/pesadelos também me andam a atacar...acho que está relacionado com os dias...Nuns quero esquecer, ser racional...afinal, não tou assim tão envolvida nisto (que nem sei o que é). Noutros aparece aquela esperança, aquela luz quente do olhar...Montanha russa é o que é...

Lu, será que hoje o Bacalhau vai à montanha russa?? Amanhã venho cá ver...

Bjs

A. disse...

Sofia parece óbvio que está fartinha de saber, basta ler a tristeza entre as palavras dele...se nao vem aqui faz bem. Saber para quê? Para nada...

sofia disse...

Olá A. Soa-me estranho chamar-te assim mas se o preferes respeito. Em primeiro lugar nao acho triste, acho intenso. Bem diferente. Em segundo acho que estas palavras são para ser lidas e sentidas pela própria. Em terceiro porque certamente a farão feliz, que julgo ser o que lhe deseja quem escreve. Nao sei a tua idade, eu tenho 30. Acredita que aos 30 sabe muito bem ler isto. E também acho sim que para além de ler, deveria ouvir e ver. Merece ser ouvido e visto. Mas diz-me, o que te apoquenta tanto aqui?

Andreia disse...

Olá Sofia. Andreia. O nome é Andreia. Nada me apoquenta. Limito-me a ler, interpretar e comentar. Não é isso seguir um blogue? Ou existem algum tipo de regras especiais de interpretação e comentário. São formas diferentes de estar. É assim tao dificil aceitar ou entender?

Unknown disse...

É bonito de ler sim. E se conheço bem o Jaca, não tem um objecivo. Apetece-lhe escrever e pronto. Escreve:-) e Andreia, entendo as opiniões diferentes, mas opiniões são diferentes de juízos de valor.
bjs

l disse...

Bom dia. Tenho uma dúvida. Será que quando lêm Neruda, Vinicius Morais ou Kunder também se questionam "quem será?", "será que leu?", "o que terá dito?". Nao me quero comparar a ilustres personagens (eles nunca sonhariam ser um bacalhau...), mas...
São só textos, palavras. Nada mais. Escritas em 10 minutos. Como me ocorrem, é como saem. Preferia, muito sinceramente, que fizessem partilha em vez de análise. Mas fica ao critério de cada um. Mas Andreia, fiquei com uma dúvida (como sabes a mente não é brilhante), como se lê os espaços entre as palavras? Um espaço não é um espaço? O que é então?
Não são textos tristes ou alegres. Loucos ou realistas. Parvos ou brilhantes. Não pretendem ser nada. Não pretendem comunicar com ninguém. São só palavras, umas atrás das outras. Que fazem parte de uma vida. Da minha vida. E acho que também da vossa. Serei só eu quem se apaixona? Que ri. Que chora. Que se chateia. Que sonha. Que tem alegria num dia e tristeza no outro. Que perde e ganha. Que deseja. Que não tem. Ou tem. Serei só mesmo eu? é que ás vezes fico com a sensação que sou um extra-terrestre, ao ler o que escrevem.
Obrigado e agradeço o tempo que passam por aqui (ainda que me custe a entender tal acto masoquista...).

sofia disse...

Tens razão meu querido. Ás vezes entusiasmamo-nos e vamos por aí:-)
beijinho

Andreia disse...

Também te dou alguma razão. Mas pergunto para que escreves então? Podias escrever um diário ou um livro sei lá. Mas não. Escreves aqui. E pessoalmente acho bem que o faças. Gosto de ti e gosto de te ler. e da diferença de opiniões nasce a luz! não é assim? mas tentando então partilhar como dizes, tenho uma dúvida? O que devemos amar mais? O que já vivemos e soubemos que foi bom e recuperar. Ou o que nunca tivemos, não temos e sabemos que nunca vamos ter. Não é uma critica, é uma pergunta, porque até acho que nos acontece a todos um dia. Ou pondo por outras palavras. Vale mais apostar em algo que já foi bom, ou perder eternamente o que nunca foi nada? deixo á discussão

star disse...

Andreia,
na minha opinião depende do momento (ou melhor, do tempo) em que se vivem (viveram) as coisas.
Sandra.

sofia disse...

Isso mesmo. Tenho exactamente a mesma opinião da Sandra. E da capacidade para avaliar se esse tempo ou momento foi de facto bom ao ponto de o repetirmos. E de saber se o que a Andreia chama de "algo que nunca irá acontecer" é isso mesmo...a vida já me tem ensinado que tantas e tantas vezes somos enganados pelo coração. Ou pela mente. Mas apesar de tudo, o que vale mais é sempre o que sentimos, hoje.

Unknown disse...

Não sou especialista na matéria. Só encontro os amores impossíveis:-)...tenho poucos grandes amores passados que gostasse de recuperar. Mas quanto ao tema, o grande amor destes textos já terá havido algum dia? Será igual? Não me parece...mas isso é a mim, que não sou especialista na materia. Mas é que já lia muito do Jacaré, e nada como hoje...

Unknown disse...

Isto hoje está concorrido:-) concordo com a Renata, nunca li nada assim...e eu, como romântica que sou, acho sempre bom estar apaixonado. Ainda que sem qualquer expectativa ou esperança. Dizem os poetas que são assim os grandes amores. Quanto a recuperar experiências passadas, concordo com a Sandra. Se sentirmos que foram boas e valem a pena, é entrar de cabeça:-)
bjs

sofia disse...

...é que existe tanta forma de amar...muita mesmo:-)

Unknown disse...

Mas como saber se esse grande amor é o que nunca tivemos? Alguém me explica? e já agora...o que é isso do grande amor? palavras? então e onde ficam os toques, os beijos, as sensações? na mente? e para quê...

joana disse...

Eu cá acho que não há regra. Tanto podem valer amores passados, como amores "improváveis". E sigo sempre a mesma regra. Se sinto, digo:-) na cara, olhos nos olhos. Umas vezes corre bem, outras menos bem, that's life!
Ó Ana, não me digas que nunca pensaste "será que dava?" ou "como será?". Bem, se nunca te aconteceu...é porque nunca encontraste. Não digo que seja bom, ter é sempre melhor que só ver. Mas...

Andreia disse...

É caso para dizer que cada um tem o que merece, pelos vistos. É verdade, não há verdades adquridas, mas há umas mais que outras...

sofia disse...

Não Andreia não é verdade. Cada um tem o que procura e tem a sorte de encontrar. O que não acontece a todos. E sabes mais? O que existe mais por aí, são oportunidades perdidas, a sorte estava mesmo ali e não vemos. Isso não é merecer, é ter sorte, só isso.

Unknown disse...

Sofia adoro ler-te. E adoro saber que és assim. Mas e se, de facto, é uma perca de tempo...de que vale? Não achas?