o choramingas

Não gosto de choramingas. O choramingas é o tipo de gajo que me irrita. E, por natureza, o choramingas é um gajo burro. Sim burro. Se o enganam no trabalho, começa logo a falar na verdade e na mentira, no certo e no errado. Irritante. Se não se apaixonam por ele, começa logo a falar em caixinhas de bombons, cheiros de perfumes, formas de rostos, mundos pequenos. F...que chato que é o choramingas. Conhece alguém e, em meia dúzia de dias, conta-lhe a vida toda. Expõe-se, acredita, partilha, sente. E depois, claro, queixa-se. Raios partam o choramingas. Dizem-lhe que não, que ele é diferente dos outros e tal, que foi algo especial e o camano. Não percebe que aquelas são palavras profissionais e habituais dirigidas a dezenas de choramingas. Ouve isto e começa logo com as suas melosidades. Cria blogues, põe-se a escrever sobre o amor e a paixão, os homens e as mulheres, nhanhanhanha...que chato é o choramingas. O choramingas, ainda por cima, é o tipo de gajo que não sabe ficar calado. Quieto. Ali, no canto. Pelo contrário, põe-se logo em bicos de pés, "olha eu aqui a chorar, é a culpa é de....". Mas que culpa tem o Mundo das tuas choraminguices ó choramingas! Como se já não bastassem os defeitos, o choramingas ainda por cima é o gajo que nunca cai na real. Acredita em castelos e princesas, em palavras vãs. Acredita que palavras valem mais que acções. Não consegue atingir que nada substitui a acção. Nada. Além disto tudo, o choramingas é o gajo que, naturalmente, é, de facto enganado. Porque nada dá mais gozo que enganar um choramingas. E vê-lo choramingar. Faz-nos sentir menos infelizes, com menos ausências, menos percas. Olhamos para ele e pensamos "olha ali está um perdedor, aquele sim é um choramingas...". Eh pá, ó choramingas, acorda que já é dia. Seu burro...